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Tributo de respeito e gratidão

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Albino Seibel foi meu professor de latim durante os quatro anos do então chamado Curso Ginasial, depois chamado Primeiro Grau, hoje designado Ensino Fundamental. Os quatro livros de latim adotados eram o "Ludus Primus", "Ludus Secundus", "Ludus Tertius" e "Ludus Quartus". Contavam a história de uma família romana, onde despontavam as histórias de Cornélia e Lésbia, recheadas de conhecimentos históricos, ensinamentos sobre gramática, sobre as cinco declinações, milhares de radicais latinos, etc.  Era o Prof. Albino uma criatura extremamente bondosa, muito ligado à Igreja Católica, incapaz de uma grosseria. Nos últimos cinco minutos de cada aula costumava abrir um caderno de capa dura, no qual estavam anotadas as suas anedotas preferidas. Ele as contava com uma ingenuidade de santo para uma turma de adolescentes que mais parecia uma horda de bárbaros.

Zenaide Lúcia Martinelli de Souza foi minha professora de francês durante dois meses e minha professora de literatura portuguesa durante um semestre. Era esposa do Dr. Denizard Souza, médico psiquiatra, um dos fundadores do Centro Médico Hospitalar e adepto do Espiritismo em Santa Maria. Foi através da Profª. Zenaide que fui apresentado a Eça de Queiróz, Camões, Fernando Pessoa e tantos outros monstros sagrados portugueses. Por incrível que pareça, nós fazíamos análise sintática dissecando os versos de Os Lusíadas. Atualmente, nossos filhos e netos nem sabem o que é análise sintática. Moramos na América Latina, falamos português (que é derivado diretamente do latim) e deixamos de estudar latim no colégio!

O aluno não conhece a origem da língua que fala, o esqueleto da própria língua! Daí a dificuldade de elaborarem uma singela redação de 20 linhas nos exames vestibulares...
Guiomar Loureiro com feição indiática - mais lembrava o rosto de uma índia peruana - e um eterno sorriso, era a minha tranquila professora de língua espanhola. Lembro bem do livro-texto que indicava: Manual de Espanhol, de autoria de Hidel Becker. Fico cogitando da inteligência das pessoas que exerciam cargos diretivos no sistema educacional gaúcho na época! Principalmente, penso na visão premonitória que tiveram essas pessoas, pois corria a década de 50, 60 e nunca alguém tinha falado em unidade do Cone Sul, em Mercosul e coisas do gênero. E o nosso Maneco já oferecia - há 50 anos - estudos de espanhol a os alunos.

A Arize, filha de Guiomar, foi minha colega de aula durante anos. Formada em Odontologia, casou-se com Flávio Weighert, também dentista e professor universitário. O marido de Guiomar, de apelido Mico, era sócio-proprietário do Posto Esso situado no térreo do edifício de quatro andares que ainda existe bem em frente à Igreja Catedral, na Avenida Rio Branco. Atrás desse edifício era a quadra de basquete do famoso Clube Irajá, onde jogavam o ex-reitor Armando Vallandro (de apelido Picolé), o ex-deputado estadual Carlos Renan Kurtz, o médico-psiquiatra Milton Sanchis (de apelido Mico) etc. Minha querida professora Guiomar Loureiro faleceu a semana passada.

Poderia citar Maria Antunes Bernardes, Edgard Libino Kloeckner, Adelmo Simas Genro, Dinarte Marshall, Nilza Crivellaro Santos, Cleonice  Sada Aita, Artheniza  Weimann Rocha, Dinah Pfeifer, Gisela Soccal Lang, Ivo Lauro Muller,  Wilson Aita, Ênio Trevisan, Iolanda Beltrame, Terezinha Grassiolli, Euterpe Almeida, Constantino Reis, Irma Peroni, Paulo Lauda, Flávio Pâncaro da Silva, Eunice Ribas, Olga Fischmann e mais cerca de 80 nomes de professores que guardo na minha memória. Mas o espaço da crônica não permite citar todos. Nem meu coração suporta tanta saudade. Mas minha gratidão continuará - enquanto for vivo e lúcido - eterna para com todos eles!


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